sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ela foi para a festa porque havia prometido. Porque não queria deixar a amiga no vácuo. De novo. Mas se sentia sozinha, com o coração despedaçado. Não queria mais sentir. Não queria mais sorrir. Só queria sumir.

Ele estava perto do bar. De cabeça baixa. Pensando, como sempre. Se perguntando, como já era comum. Por que aquilo tinha acontecido, afinal? Ele sofria. De novo. Parecia azar demais para um homem só. Era isso, então. Iria se fechar, decidiu. Por tempo indeterminado. Não. Ainda era pouco. Até a proxima encarnação talvez fosse suficiente.

Chegou na festa com a amiga quebrada. Ela que se esforçava para parecer 'normal'. A amiga pensava no que fazer para ajudar. Tinha o coração apertado por vê-la daquele jeito. Se perdeu dela e foi espera-la no bar. Lá perto, encontrou o amigo partido. Ele se esforçava para esconder a dor. Conversaria com ele enquanto esperava por ela.

Ela viu a amiga parada perto do bar. A amiga conversava com alguém. Ela ficou com remorso pela possibilidade de atrapalhar algo, mas queria ir embora. Não aguentava mais. O dia fora cansativo. Ela estava prestes a se render. A começar a chorar.

Ele escutava a amiga. Pensava em ir embora. Pensava que aquela festa já tinha dado o que tinha pra dar. Ele começava a ficar aborrecido pois a amiga não se deixava enganar. A amiga sabia o que ele sentia e pensava. Ele viu a amiga olhar para a frente e sorrir. Por reflexo, ele olhou na mesma direção.

Os olhos deles se encontraram. Eles sorriram. Se apresentaram. A amiga os conhecia bem demais. Sabia o que aquilo poderia significar. Salvação para ela. Esperança para ele. Resolveu sair de fininho. Não iria longe. Queria ver o que aconteceria.

Eles conversavam. Ela gostou do sorriso doce dele. Ele gostou dos olhos brilhantes dela. Teve empatia. Teve química. Ela ofereceu a oportunidade. Ele aproveitou. Eles se beijaram.

Ela abriu os olhos, olhou nos dele e disse:

- Obrigada.

Ele ficou intrigado. Não esperava ouvir aquilo. Perguntou:

- Pelo quê?

O sorriso dela alargou. Respondeu:

- Por mostrar que ainda existe luz em mim.

Ele sorriu. Entendia o sentimento. Afinal, mesmo que só por uma noite, as trevas dele também foram apagadas.