quinta-feira, 27 de maio de 2010

Conto de Fadas - A Princesa na Torre 2

Semanas após a partida do seu Príncipe, a infeliz Princesa ainda chorava injuriada, indignada e decepcionada em seu quarto. Cansada de tanto drama, a Bruxa arrombou a porta e deu um basta no sofrimento da Princesa:

- Parou a palhaçada! Hoje tu vai sair comigo e conhecer uns guerreiros vikings que estão tocando o terror na galera do povoado. Não agüento mais te ouvir chorar.
- Não! Meu príncipe se foi e só o que me resta são as lágrimas! – chorou a princesa.
- E as rugas que elas te trarão e nenhum tônico, feitiço ou poção que eu fizer irão resolver não te preocupam não???? – disse a Bruxa, com um sorriso maldoso.
- Que hora saímos? – perguntou a Princesa, secando o rosto.

Naquela noite, após as habilidades como maquiadora e cabeleireira da Bruxa e uma ligação emergencial para a sapataria e ateliê de costura da Fada Madrinha devolverem a beleza (e darem um corte mais moderno ao cabelo) da princesa, elas foram a taberna na qual os vikings comemoravam sua vitória.

- Aí, Bruxa!!! Como você ta? Quem é tua amiga???
- Tô bem. Essa é a Princesa, minha refém. – respondeu ela olhando para os vikings – fiquem de olho nela enquanto vou pegar cerveja.
- Senta aqui com a gente Princesa, tens minha palavra que não iremos machucá-la – disse o Lorde Viking chefe daquele exército.

A Princesa, sem outra alternativa, aceitou o convite e ao conversar com aquele povo estranho voltou a sorrir, pela primeira vez em semanas e contrariando todos os ensinamentos dos contos de fadas, tornou-se amiga deles.

Noites depois, na mesma taberna, o Lorde Viking perguntou a princesa algo que o deixara intrigado quando se conheceram:

- Princesa, por que você estava triste quando a conhecemos?
- Meu Príncipe me trocou por uma busca mística – disse ela, com seu belo sorriso se apagando.
- Que cara imbecil – indignou-se o Lorde Viking.
- Por quê? – perguntou a Princesa curiosa.
- Para largar uma Princesa simpática, engraçada, inteligente e linda como você para ir atrás de algo que talvez nem exista o cara tem que ser muito burro. Fosse eu no lugar dele, já teria arrombado a torre, decapitado a bruxa e assado o Dragão para servir no banquete em que comemoraríamos tua liberdade.

O clima romântico entre o viking e a Princesa era perceptível desde que começaram a conversar, mas mesmo assim, a Princesa ficou encabulada e a Bruxa preocupada:

- Decapitar??? Minha cabeça??? Sério mesmo???
- Aham – respondeu o Lorde – Vou pegar mais cerveja enquanto você pensa nisso, Bruxa.
- Ô Princesa, troca uns beijos aí com ele antes que eu perca minha cabeça, literalmente.
- Você acha, Bruxa??? Será que eu tenho chance? Mas o que eu faço? Você é minha única amiga, me diz o que fazer!!!
- Ô anta, não ouviu a direta dele não? Espera... ouvi bem, você me chamou de amiga? – a Princesa confirmou com a cabeça e a Bruxa se emocionou percebendo que também considerava a Princesa – Putz, mas também não faço idéia, esse aí é mei lento, sabe?
- Lento nada, é timidez mesmo. Mas faz assim ó: pega ele de jeito pelo cabelo ou pela barba mesmo e dá um beijo daqueles. O patrão vai adorar – respondeu o capitão, braço direito do Lorde, que ouvira toda a conversa.
- Iiiiiiiih, já era... Quem age assim é Valkíria e essa aí é Princesinha de Torre, esqueceu? – deprimiu-se a Bruxa.
- Valkíria? – perguntou a Princesa
- Princesas-guerreiras nórdicas, as filhas do deus todo poderoso Odin. São mulheres orgulhosas, decididas, corajosas e independentes. – explicou o capitão – Mas é Bruxa, tens razão, Princesas de Torre não servem para Valkírias, são meigas demais.
- Lá se vai meu pescoço...
- Ele ainda vai demorar para fazer algo.
- Mas vai fazer, não vai? – perguntou a Bruxa
- Lá se vai a tua cabeça – respondeu o capitão tomando o último gole da sua cerveja.

A princesa ponderava as palavras do capitão. Estava cansada de chorar, se lamentar e esperar pelo resgate de príncipes que jamais retornavam. Gostava da idéia de fazer as coisas por si mesma, de ser independente. Se tornar uma Valkíria parecia-lhe cada vez mais uma idéia tentadora. Mas e se o capitão estivesse certo e aquele não fosse o destino dela?

O bardo começou a tocar uma canção sobre liberdade, enquanto o Capitão prestava condolências antecipadas à bruxa, que redigia o próprio testamento (a torre e as poções cosméticas vão para a Princesa, a caverna e os carneiros para o Dragão). Foi quando a Princesa tomou uma decisão.

Levantando-se bruscamente (Tá indo aonde? – perguntou a Bruxa), ela caminhou decidida em direção ao Lorde Viking que esperava as canecas de cerveja no bar.

Ao perceber a aproximação da Princesa, o Lorde virou-se sorrindo para recebê-la, ela o abraçou e fez como o capitão recomendará: segurou firmemente o cabelo do Lorde enquanto o beijava. Surpreso, só restou a ele retribuir.

Meses depois, esfarrapado, cansado de buscas inúteis, pronto para o compromisso e para a batalha pela mão da Princesa, o Príncipe retornou a torre, encontrando-a trancada, vazia e com apenas um bilhete preso à porta:

“Querido Príncipe,
No último outono, eu e a Bruxa nos tornamos amigas de alguns guerreiros vikings que assolavam a região.
Semana passada, recebemos uma mensagem do Lorde deles, nos convidando para uma temporada de férias no País Nórdico do qual vieram.
Como o trabalho de reconstrução foi super puxado, aceitamos na hora e partimos para lá com o Dragão.
Cansada de esperar teu retorno, amor e resgate, que estavam demorando muito, falei com a Bruxa e como salvei o pescoço dela através de loooooooonga negociação com o Lorde Viking, ela topou me libertar.
É provável que retornemos após o fim do inverno. Quando chegar, te aviso.
Beijo, Princesa”

FIM

*História meramente ficional, qualquer semelhança com pessoas, fatos ou diálogos da vida real, é mera coincidência

2 comentários:

  1. exatamente por tu ter falado q era mera coincidencia com a vida real, acabei inevitavelmente lembrando do dia anterior ao surgimento do conto xD

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  2. GOD! Fuck you, Prince! XD
    Hurra, Vikings! o/

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